Em 1990, a Fiat resolveu diversificar e mudar a identidade da sua linha, lançando uma série de modelos diferentes, entre eles um esportivo. Muitas vezes, entre os primeiros desenhos ousados e o resultado final, perde-se todo o apelo "revolucionário" das propostas iniciais. Não foi o caso do Coupé.
As propostas inovadoras dos primeiros rascunhos do designer Chris Bangle e da equipe do Centro Stilo Fiat sobreviveram a um processo longo de comparações e decisões, inclusive deixando para trás as propostas do estúdio Pininfarina.
Entre os primeiros desenhos e o lançamento do carro, passaram-se cerca de quatro anos. O resultado final preservou a proposta radical dos cortes diagonais por cima das rodas e dos contornos "musculosos" por toda a carroceria.
No início de 1991, o estúdio Pininfarina apresentou sua proposta para o Coupé, claramente baseada nas linhas da Ferrari 456GT, e considerada muito convencional para o que a Fiat queria da imagem do novo esportivo.
A proposta "da casa" foi retomada, mas a partir daí foi sendo mesclada com idéias da Pininfarina, que terminou sendo responsável pelo projeto do ferramental, do detalhamento do projeto e também pela produção dos carros - sim, o carro foi fabricado na Pininfarina, que é montadora de diversos "fuori sieri". Nunca houve uma linha de montagem Fiat para o Coupé.
Daí o logotipo Pininfarina nas laterais e no painel do carro, mas sem o acompanhamento "design by", como em outros projetos totalmente concebidos naquela famosa casa de design italiana. Uma das propostas adotadas foi o conceito da roda com quatro raios inclinados, presentes em um dos modelos em escala acima, que lembra a marca das barras inclinadas da Fiat e procurava uma personalidade própria para o carro, fugindo mais uma vez de ser simplesmente uma cópia "barata" de uma Ferrari.
O resultado final foi uma fusão entre os conceitos dos dois centros de design, com detalhes - em especial no interior - que lembram a Ferrari 550 Maranello (concebida pela Pininfarina na mesma época e lançada um ano depois do Coupé, em 1995).
O interior do carro é Pininfarina (houve também uma proposta dos designers da Fiat, dessa vez rejeitada) e manteve também o espírito dos rascunhos iniciais.
A competição entre as equipes gerou diversas soluções para serem estudadas - não foi possível a simples acomodação numa solução aceitável - houve a busca do melhor.
A traseira truncada foi um ponto marcante nos desenhos iniciais da Fiat, chegando a ser materializado em modelo em escala.
Os cortes diagonais e os volumes curvos estiveram sempre presentes, bem como a cabine alta e alongada, destinada a abrigar 4 assentos confortáveis, e não um 2+2 como outros carros da categoria.
Esse é bem Ferrari, com o logotipo na grade e as rodas de cinco raios - ambos os conceitos foram abandonados.
O retrovisor já mostrava algo parecido com a solução final. Desenhos e modelos gerados pela Fiat - o processo de decisão foi longo e disputado, com busca de soluções que viabilizassem os conceitos radicais inicialmente propostos. A Pininfarina também apresentou alternativas, mas nenhuma com o apelo dos desenhos originais da Fiat, que acabou mesmo por ser o escolhido. Ainda com rodas de 5 raios, mas já mostrando a solução da traseira, com um trecho horizontal antes da rampa truncada, e com dois pontos de lanterna - talvez na vertical para fugir do horizontal da Ferrari. A lateral também já está bem próxima do carro que conhecemos...A solução das lanternas - nem grandes e separadas entre carroceria e pára-choque, nem quase verticais - no final, parecem soltas na traseira, e o espaço para alojá-las é maior do que foi proposto no modelo em escala.
Em abril de 1993 um protótipo do Coupé roda nas ruas - A maçaneta já é embutida, mas os faróis, a coluna traseira, as lanternas traseiras e a linha de cintura não mostravam toda a "personalidade" dos desenhos originais - as linhas marcantes do Coupé foram e voltaram várias vezes, até ficarem para sempre... Carroceria em processo de montagem - artesanal - na Pininfarina.
Resumindo... O Coupé foi lançado em março de 94 no salão de Genève, e chegou aos revendedores em maio daquele ano. Trazido para o Brasil pela Fiat nos anos 95 e 96 - cerca de 1500 carros com motor 2.0 16v (semelhante ao motor do Tipo 16v) - com algumas poucas variações de opcionais (banco em tecido ou couro, teto solar, airbag) e nas cores amarelo e vermelho (lisas), e verde, azul, cinza e preto (metálicas).
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